Edição 70

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Maria Cristina Perpétuo e a busca pela excelência na educação de Itaquaquecetuba

Secretária de Educação é a entrevistada desta edição e fala sobre os desafios e os planos para a rede municipal de Ensino; prioridade é oferecer suporte e recursos adequados para garantir que todos os estudantes se sintam acolhidos

A secretária de Educação de Itaquaquecetuba, Maria Cristina Perpétuo, concedeu entrevista ao Diário Itaquá. Na conversa, a secretária falou dos desafios que a cidade vem enfrentando nos últimos tempos na área da educação, dos esforços que a atual administração vem executando em prol de alunos, professores e da comunidade escolar como um todo, e dos planos e metas para a cidade até o final da década.

DIÁRIO ITAQUÁ: Na qualidade de educadora e de quem vive a cidade de Itaquaquecetuba, como a senhora viu, nos últimos anos, a situação da educação da cidade, pré-2021?

MARIA CRISTINA: É importante ressaltar que a pandemia da Covid-19 teve um impacto significativo na educação mundial, forçando muitas escolas e instituições a fecharem temporariamente e adotarem novos modelos de ensino. No entanto, após assumir a pasta e frente a inúmeros desafios herdados no período pós-pandemia, trabalhamos incessantemente para superá-los, implementando estratégias para recompor as aprendizagens dos estudantes, promover valorização profissional por meio de salários adequados, investindo em tecnologia e infraestrutura para garantir que todos possam ter iguais condições e acesso a uma educação de qualidade.

DIÁRIO ITAQUÁ: Hoje a rede de ensino já está com seu ano letivo iniciado e a Secretaria de Educação vem trabalhando para um processo de “recuperação” da educação na cidade. Queríamos saber quais são as prioridades neste trabalho de recuperação e qual é o setor que está tendo mais atenção por parte dos gestores neste momento.

MARIA: Nossa prioridade é oferecer suporte e recursos adequados para garantir que todos se sintam acolhidos. Precisamos investir na primeira infância e garantir a aprendizagem básica ao enfrentamento das desigualdades educacionais ocasionadas no ensino fundamental, altamente afetado com a pandemia. Portanto, acreditamos ser esse o setor mais crítico, embora trabalhamos com o pensamento de que todas as etapas da educação são igualmente importantes. A educação requer investimentos a longo prazo e é fundamental que todos os setores recebam a atenção e os recursos necessários para garantir a formação integral e igualitária.

DIÁRIO ITAQUÁ: A distribuição dos uniformes foi prometida pela Administração Municipal para abril deste ano, depois de dois anos com a entrega acontecendo já com o ano letivo em andamento. As questões sobre a produção e distribuição já foram resolvidas? O que ocasionou os atrasos nos primeiros anos?

MARIA: Existem diversas razões que podem ocasionar atraso na entrega e não é um problema isolado da nossa rede. As etapas de produção e entrega, via fornecedores é um fator que precisamos estar em constante acompanhamento e controle. Assim que assumi a pasta, em março de 2022, concentrei o planejamento de compras com a equipe técnica específica, que analisa a confiabilidade dos fornecedores, prepara a logística de entrega eficiente e monitora a compra de uniformes e materiais dentro dos prazos estabelecidos. Podemos garantir que a cada ano estamos inovando e otimizando os processos para obter êxito.

DIÁRIO ITAQUÁ: Dados do SAEB do Governo Federal para 2021 apontam que Itaquaquecetuba tinha uma média de 198,2 pontos na avaliação de Português, e 203,2 pontos para Matemática. Desde então, o que tem sido feito para a melhoria destes números na rede municipal de Ensino?

MARIA: A principal ação foi avaliar e priorizar a recuperação e recomposição das aprendizagens dos estudantes pós-pandemia e para isso foi implementada a cultura de avaliação em nosso sistema público municipal de ensino. A “Avaliação Conectada” mensura os conhecimentos dos estudantes por habilidade nos componentes de língua portuguesa e matemática e entrega um boletim de desempenho individual, por turma e escola, com o diagnóstico da aprendizagem de todos os estudantes do ensino fundamental. Esse processo compreende: avaliação diagnóstica de entrada, avaliação formativa e avaliação somativa. Essas avaliações permitem identificar os pontos de melhoria e implementação de medidas necessárias para aprimorar a qualidade da educação e, consequentemente, elevar nossos indicadores. Neste ano também iniciaremos a avaliação em larga escala (municipal) para as áreas do conhecimento de ciências humanas e da natureza para o 4º e 5º ano, atendendo a nova reestruturação do SAEB. Consoante a tudo isso, desenvolvemos um mapa com habilidades essenciais do currículo, articulado com o material didático existente nas escolas. Esse mapa facilitou o trabalho do professor no que tange seu planejamento para que o mesmo possa ter mais tempo de preparar uma aula eficaz , e quando digo uma aula eficaz, me refiro à qualidade no processo de ensino e aprendizagem de forma significativa para o estudante. O resultado do IDEB não se resume apenas ao ensino fundamental. É preciso investir na base, ou seja, na primeira infância.

DIÁRIO ITAQUÁ: Recentemente a Prefeitura entregou o Centro de Formação de Profissionais da Educação no Jardim Nova Itaquá, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho e o conhecimento dos profissionais da Educação da cidade, que são quase 3 mil pessoas trabalhando pelo ensino de nossas crianças. Para este ano e para o ano que vem, o que mais a gente pode esperar para os profissionais da Educação?

MARIA: Investir em educação de qualidade, elevar nossos indicadores e zerar nossa demanda de atendimento desde a etapa de educação infantil é o nosso maior desafio. Ideias de inovação e investimentos sempre surgem em nossa mente e dentre elas: instrumentalizar ainda mais nossos educadores com ferramentas tecnológicas de última geração a fim de otimizar e qualificar seu trabalho em sala de aula; buscar novas parcerias com diferentes instituições na oferta de programas de bolsa de estudo para nossos profissionais; construir, ampliar, equipar e renovar escolas para proporcionar um ambiente de aprendizagem mais confortável e seguro; treinar e contratar novos professores; oferecer salários compatíveis e condições de trabalho favoráveis para poder atrair e reter os melhores profissionais; pensar em currículo escolar relevante, prático e atualizado; fornecer mais acesso à tecnologia e às inovações em âmbito educacional.

DIÁRIO ITAQUÁ: A mudança de governo sempre acaba afetando, positiva ou negativamente, o andamento de projetos, parcerias e iniciativas entre a Prefeitura e os governos Federal e Estadual. No caso de Itaquá, como estão as tratativas com estes entes para a manutenção de acordos previamente estabelecidos, principalmente na área da educação e investimentos em novas escolas?

MARIA: As tratativas com os entes federativos estão pautadas em um diálogo aberto em relação às nossas maiores necessidades, tanto para apresentar as demandas pendentes, canceladas ou emergenciais, quanto para entender as novas políticas educacionais e objetivos do novo governo. Neste sentido, não estamos encontrando nenhum entrave quanto à continuidade de nossas ações, já pactuadas. Nossa secretaria possui objetivos comuns às propostas estaduais e federais, o que facilita e potencializa nossa atuação conjunta. Levamos proposições em prol da melhoria na educação e acompanhamos de perto as políticas educacionais do novo governo para nos prepararmos ao posicionamento construtivo, se necessário.

DIÁRIO ITAQUÁ: Um problema de todas as cidades é a demanda por vagas em creche, que acaba sendo um fator que atrapalha inclusive o desenvolvimento econômico da cidade, reduzindo a força de trabalho. Como o município vem atuando para reduzir a fila de espera em creches, principalmente nos bairros mais periféricos?

MARIA: Adotamos algumas estratégias com o intuito de reduzir a fila de espera em creches, entre elas a criação de uma comissão permanente para estudo e mapeamento da demanda reprimida nos bairros periféricos, identificando as regiões com maior demanda e priorizando essas áreas na oferta de vagas; ampliação da oferta de vagas por meio de construções, ampliações e locações de novos espaços; investimentos em parcerias com as O.S.Cs de forma a aumentar a oferta de vagas em creches subvencionadas, especialmente em regiões de maior demanda.

DIÁRIO ITAQUÁ: A Educação possui quais metas para o fim deste ano, e quais metas para o fim do ano que vem?

MARIA: Para 2024, queremos tornar o sistema municipal de ensino de Itaquaquecetuba referência de educação pública na região do Alto Tietê. Para 2028, estar entre os dez sistemas municipais de ensino do estado que mais avança na aprendizagem. Para alcançar as metas, se faz necessário estabelecer ações realistas e alcançáveis, sempre alinhadas às necessidades específicas do momento e da comunidade escolar. Isso vai desde melhorar as habilidades de leitura desde a alfabetização por programas e projetos de incentivo à leitura, introduzir a programação e tecnologia no currículo escolar, ampliar o uso de ferramentsas educacionais online nas escolas, ampliar a jornada por meio de projeto educacionais, promover a inclusão permanente, fortalecer a Educação de Jovens e Adultos pelo ensino profissionalizante, novas unidades e fortalecer os conselhos escolares, investir na reforma dos equipamentos e ampliar a oferta da frota de transporte escolar gratuito regular e adaptado; investir em segurança nas escolas; ampliar a oferta do tempo integral; atualizar as legislações municipais vigentes; investir em formações em serviço para todos os profissionais; aumentar o repasse financeiro municipal que é ofertado às escolas; entre muitas, muitas outras ações que buscamos desenvolver.

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