Pároco da Igreja Jesus Divino Mestre relembra desastre no início do mês e fala sobre participação da comunidade no processo de reconstrução
O Diário Itaquá recebeu no começo desta semana o Padre Luiz Mercúrio, da Paróquia Jesus Divino Mestre, localizada na Vila Japão em Itaquaquecetuba, que falou com exclusividade sobre como tem sido os primeiros dias após o incêndio que atingiu a igreja no começo deste mês.
O líder religioso falou sobre os momentos de desespero com o incêndio, os obstáculos pela reconstrução e os esforços da comunidade em recuperar o salão.
DIÁRIO ITAQUÁ: Gostaríamos que o senhor falasse um pouco mais sobre o ocorrido, e como tem sido os últimos dias tanto para o senhor quanto para a paróquia como um todo.
Pe. Luiz Mercúrio: No dia 7 de outubro, eu estava celebrando missa em uma outra comunidade da paróquia, e naquele momento a Igreja Jesus Divino Mestre estava fechada. Ao longo do dia tivemos muitas atividades com os jovens, mas felizmente no momento do incêncio não havia ninguém. Recebemos de imediato a informação sobre o fogo, e seguimos para o local. A igreja conta com seis hastes de para-raio instaladas, e estamos tentando entender o motivo do raio ter atingido a Paróquia.
No primeiro momento não conseguimos acreditar, o desespero tomou conta de nós, mas manter a calma foi fundamental até a chegada dos bombeiros que combateram o fogo.
DIÁRIO ITAQUÁ: Sobre o dia seguinte, já com o fogo extinto, como foi o primeiro contato com o salão paroquial?
Pe. Luiz: Recebemos a ligação do prefeito, pedindo para verificar como estava a situação do local. Entramos juntos pela primeira vez, onde começamos a fazer os registros dos danos causados pelo fogo. Falamos um pouco sobre as estimativas de custo para a reforma e reconstrução, onde ele se ofereceu para ajudar na campanha de arrecadação. Ali começou a nossa campanha de arrecadação virtual.
DIÁRIO ITAQUÁ: Já há uma estimativa sobre qual será o valor para a reconstrução da igreja Jesus Divino Mestre?
Pe.Luiz: Chamamos uma empresa – a mesma empresa que construiu a igreja, para um orçamento do quanto seria. É um trabalho mais detalhado e sensível do que a construção em si, por preservar a arquitetura sem demolir. Nossa estimativa no dia seguinte ao incêndio seria em torno de R$500 mil, e o valor é de cerca de R$420 mil, dentro do que esperávamos. O orçamento está sob análise da Economato da nossa paróquia. Hoje é necessário 40% desse valor para o início das obras.
DIÁRIO ITAQUÁ: Como a comunidade está se organizando em torno da reconstrução?
Pe. Luiz: Estamos começando a nos organizar em torno disso, e nas nove comunidades que fazem parte da Paróquia já há movimentações para eventos como festas, feijoadas e rifas para angariar fundos. Padres do Alto Tietê se colocaram à disposição e me chamaram para celebrar missas em outras cidades e divulgar a campanha de arrecadação, como foi em Biritiba-Mirim. O Bispo Dom Pedro Luiz Stringhini colocou-se à disposição, e estamos conversando sobre as medidas que podem ser tomadas. Sabemos que as pessoas possuem suas obrigações e já doam para várias causas, mas acreditamos que a mobilização, mesmo que individual, iremos avançar.
DIÁRIO ITAQUÁ: Com o incêndio, alguma atividade da igreja foi comprometida?
Pe. Luiz: Nenhuma das nossas ações foram interrompidas, tanto com a população em situação de rua, ou o trabalho vicentino. O salão paroquial era disponibilizado às famílias durante as enchentes na Vila Japão, mas se houver necessidade todas as famílias serão atendidas em outro lugar. Nada parou, e é um trabalho que abraça centenas de famílias na nossa região.