Autoridades federais investigam possível espionagem contra políticos, jornalistas e membros do STF
A Polícia Federal realizou na sexta-feira (20 de outubro) a Operação Última Milha, para investigar o uso irregular de um sistema secreto de monitoramento da Agência Brasileira de Investigação (Abin), órgão de Inteligência do governo federal, para monitorar a localização de telefones celulares. Segundo a PF, a suspeita é de que servidores tenham usado a ferramenta para acessar dados de localização de alvos.
Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão, além de dois mandados de prisão preventiva. As ações aconteceram em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. Nos locais, foram encontrados cerca de US$150 mil, e dois servidores suspeitos foram presos pelas autoridades.
Além das buscas e prisões, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto, terceiro em comando da Abin. Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), Fortunato atuou como diretor de Operações de Inteligência, responsável por adquirir e manusear o software de monitoramento.
O software de monitoramento de localização “FirstMile” foi comprado em 2018, no fim da gestão Michel Temer, por R$5,76 milhões e sem licitação, para rastrear dados de GPS de qualquer pessoa pelos dados transferidos do celular para torres de comunicação.
O sistema foi usado por servidores da Abin nos três primeiros anos do governo Bolsonaro sem protocolo oficial ou autorização judicial, segundo revelações do jornal O Globo. Segundo a Polícia Federal, o setor de inteligência da última gestão federal utilizou o sistema para acompanhar sem pedido judicial ou justificativa jornalistas, políticos e adversários.
Caso condenados, os servidores detidos responderão pelos crimes e invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.